terça-feira, 3 de maio de 2011

O Paradigma Capitalista e o Uso do Planeta




Ao ver tanta miséria e fome no mundo, torna-se difícil não defender o crescimento econômico mesmo frente à degradação ambiental. Um estudo um pouco mais aprofundado nos mostra que, na verdade, o crescimento econômico só acontece porque nós não pagamos a conta para com a verdadeira fornecedora dos recursos naturais que viabilizam esse crescimento, a natureza do nosso planeta.

Do ponto de vista econômico, os recursos naturais são divididos em três categorias, sendo:

a)  Recursos naturais não renováveis: aqueles que não têm capacidade de autoregeneração, tais como os minerais ou combustíveis;

b) recursos quase renováveis: aqueles que possuem um ciclo de existência ou dependem da criação de novas tecnologias como a água, que depois de evaporar retorna em forma de chuva, ou energia; e

c) dejetos: que são todo o tipo de lixo.

Portanto, o crescimento econômico é caracterizado pela exploração ilimitada destes recursos naturais e pela não privatização destes, o chamado “Capital Natural”. Em outras palavras, todo mundo usa e ninguém paga nada ao dono, no caso o planeta Terra!

O desequilíbrio que vemos hoje é o resultado desta exploração em escala mundial. É um nítido “Desinvestimento do Capital Natural”, que significa, em termos econômicos, o esgotamento dos recursos não renováveis, o uso inadequado dos recursos quase renováveis, e o aumento dos dejetos, provocando impactos ambientais de todo tipo (Poluição, doenças etc...).
   
Ao compararmos as economias mundiais ou mesmo as municipais, levamos em consideração a geração de produtos e serviços mostrados nas estatísticas de desenvolvimento constantes em seus balanços.

Porém, esta visão equivocada, simplesmente ignora os custos ambientais embutidos nos processos. Assim, quanto mais rápido uma cidade destrói sua floresta, esgota suas reservas hidrográficas ou exaure seus depósitos minerais, mais elevados serão seu produto interno bruto (PIB) e sua renda “per capta”, dando a impressão que sua economia é altamente desenvolvida. Entretanto, este suposto desenvolvimento econômico representa um custo real, físico e muito alto não embutido nas contas dos balanços, e, se levarmos em consideração que este crescimento depende do uso sempre crescente dos recursos naturais, o que fisicamente não acontece, a coisa fica pior. Por exemplo: nós não fabricamos água, mas a usamos praticamente em todos os processos de produção.

Para se ter uma idéia, cientistas econômicos calcularam, no final dos anos 80, quanto deveríamos pagar para a natureza pelos serviços prestados, tais como a filtragem do oxigênio e da água, o fornecimento da chuva que cai na plantação, a absorção de dejetos venenosos pelo solo, ou até mesmo a simples disponibilização de cenários e paisagens que nos dão tanto prazer. Chegaram à conclusão que, durante um ano, deveríamos pagar ao planeta cerca de “38 trilhões de dólares” por estes produtos e serviços. Para efeito de comparação, no mesmo ano do referido cálculo, as vinte maiores economias do mundo somadas geraram cerce de 18 trilhões de dólares.

Como podemos verificar, as políticas conservadoras não consideram estes custos nas análises de suas atividades de produção, serviço e consumo e deveriam, pois, na verdade, elas são a essência de qualquer sistema econômico.

Em uma nova visão política, distinta da tradicional, tem-se uma abordagem multidisciplinar que leva em conta os princípios e as leis da natureza, constituindo-se essa visão numa ciência inovadora voltada para o entendimento e a gestão da sustentabilidade da vida na Terra.

Esta nova ciência baseia-se no princípio de que devem ser praticadas, na economia e na vida, regras que conduzam a uma máxima eficiência e a uma mínima perda nas transformações produtivas, entendendo também que tudo o que se retira do meio ambiente retorna ao mesmo, seja como produto ou como lixo.

Dentro desta perspectiva, a natureza passa a ser integrante do sistema produtivo, adquirindo significados bem distintos dos que tinha no pensamento conservador, sendo agora vista como:

a)  Fornecedora de recursos (Ex: extração de matéria prima);

b)  Fornecedora de bens e serviços (Ex: paisagens naturais);

c)  Assimiladora de dejetos (Ex: lixo de qualquer tipo).

Nesta nova visão, o meio ambiente não é separado da vida, da sociedade ou da economia. Ele é a dimensão em que estas se concretizam. É a dimensão em que todas as nossas atividades ocorrem, proporcionando os recursos essenciais (matéria prima) para a


transformação de nosso meio e recebendo, como uma fossa, todo tipo de lixo em que se convertem os produtos, filtrando-os e devolvendo-os ao processo.

Neste conceito, é de extrema importância entendermos que o meio ambiente, ou seja a natureza, não pode ser colocado em segundo plano em nosso planejamento, pois o uso dos recursos naturais e o lançamento de dejetos não podem sobrecarregar ou interferir nos ciclos naturais, sob pena de uma interrupção no fornecimento destes recursos em nossos processos de produção.

É essencial que este novo conceito seja considerado em primeiro plano, pois a interrupção no fornecimento destes recursos que o meio ambiente nos proporciona significa também o fim da vida neste planeta, ou pelo menos o fim da espécie dominante, nós!

Porém, o uso racional do meio ambiente nos levará a um Desenvolvimento Sustentável, o que permitirá que nossos filhos e netos continuem a comer com talheres de metal, em pratos de louça, utilizando guardanapos de papel, bebendo água limpa e admirando a vista, como a da Serra da Piedade que eu, pessoalmente, acho linda.  


Um comentário:

  1. Sim, sustentabilidade para que a Sol continue ver a Serra da Piedade assim, linda, e possa ver um dia do Gandarela também.

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