O currículo da cidadã Dilma Rousseff jamais me agradou. Ela sempre foi vendida como uma “gerentona”, uma grande administradora, o que ela nunca foi, principalmente em Porto Alegre onde seus descasos com a coisa pública bateram várias vezes nos TCUs da vida. Além do mais, foi ela quem coordenou a campanha para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas do Rio, projetos que agora, devido à escassez de tempo, terão todas as obras sem nenhuma fiscalização, o que é uma vergonha para o currículo de qualquer administrador.
Nos anos Lula, podemos dizer que ela foi a ministra mais “PSDB” do governo quando, por exemplo, privatizou o setor elétrico brasileiro. Agora, como Presidenta, está privatizando aeroportos e tudo mais o que o PT sempre foi contra . Já na Casa Civil, fez o que o Lula jamais fez: despachou!!! Criou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no qual as obras, geralmente desnecessárias, ultrapassadas e jamais concluídas, serviram apenas para sustentar as grandes empresas financiadoras da gastança Lulista. Na verdade, foi uma forma de financiamento do terceiro mandato de Lula, no qual Dilma seria a protagonista da vitória.
As ações iniciais do Governo Dilma foram altamente elogiáveis, incluindo aí o corte, absolutamente necessário, de R$ 50 bilhões para farras de Deputados e Senadores, quantias essas oriundas dos acordos obscuros realizados pelo seu antecessor e, claro, com a anuência da atual titular.
Neste período, dei meu braço a torcer! Achei mesmo que ela se posicionaria como Presidente da República, afinal os “Três Porquinhos” (Apelido dado às três pessoas mais influentes do início do Governo Dilma: José Eduardo Dutra, Presidente do PT; Antônio Palocci, Coordenador Político do Governo e José Eduardo Cardozo) satisfaziam ao mercado e aos políticos e em fevereiro de 2011, sua atuação frente ao apagão foi bastante contundente. Mas meu espanto durou pouco, especialmente quando ela começou a liberar para a base aliada as verbas citadas no parágrafo anterior, aumentando assim o descontrole dos gastos públicos.
Na administração, a Presidenta perdeu, por motivos de saúde, o seu primeiro “Porquinho”, José Eduardo Dutra, tendo então que “engolir” seu desafeto Rui Falcão na Presidência do PT. Se lembrarmos de que Dilma é uma “para-quedista” em seu próprio partido, podemos entender a necessidade de alguém de extrema confiança na direção deste, o que não mais ocorre, afinal foi Lula quem pôs Falcão lá!
Ao completar os 100 primeiros dias, a Presidenta sentiu, da pior maneira possível, que não podia governar autoritariamente ao ver a votação do Código Florestal ir contra o seu desejo. Foi um grande recado do Congresso à “gerentona”, acostumada a mandar e humilhar seus subalternos em suas reuniões fechadas.
No quinto mês, seguiu-se a “macumba” do Ministério da Casa Civil com a crise envolvendo outro “Porquinho”, desta vez Antônio Palocci, o único ser vivo deste planeta a sair enxotado duas vezes do governo mais corrupto da história deste país (Mensalão, Caseirogate, Erenice, etc... !) Palocci, indicado por Lula, coordenou a campanha da Presidenta, sendo portanto ele quem captou dinheiro e fez acordos, principalmente com o PMDB, sócio do consórcio governista. Mas desta vez a crise custou caro, muito caro!
Custou caro porque Palocci, apesar de muito respeitado, tinha que sair mesmo, afinal nada justificaria um aumento patrimonial de 20 vezes em um ano eleitoral. O problema foi a demora para tirá-lo do cargo! A Presidenta demonstrou completa insegurança ao não tomar uma decisão imediata perante a crise. Crise que se arrastou e fez Dilma passar a vergonha de chamar Lula para apaziguar os ânimos, deixando uma vacância muito perigosa na cadeira da Presidência. Presidente da República não pode se dar ao luxo de ser governado ou de ser liderado, tem de governar e liderar!
Mas como tudo o que está ruim pode piorar, ela conseguiu! Ao demitir Palocci e chamar a Senadora Gleisi Hoffmann para o seu lugar e a Ideli Salvati, até então escondida no grandioso Ministério da Pesca, para as relações Institucionais, conseguiu criar pânico no Congresso, pois agora o Governo tem três leoas e nenhuma raposa, na verdade tem-se agora três Dilmas e nenhum Lula!
Para arrematar a transloucura, Dilma comunicou, repito “comunicou”, ao Vice-Presidente Michel Temer a sua decisão quando tudo já estava pronto, decidido e avalizado por Lula. Uma catástrofe se lembrarmos que Temer é, apesar de estar afastado, o Presidente do PMDB, o mesmo que demonstrou sua força ao votar contra o Governo no Código Florestal e o mesmo que defendeu Palocci publicamente, coisa que nem o PT o fez.
Os próximos meses dirão como as leoas atuaram no jogo político, mas ao que parece o Governo continuará nas mãos de Sarney, Renan ,Collor e companhias. Creio inclusive que Dilma deveria ter chamado o Temer para ser o Ministro das Relações Institucionais, afinal ninguém chega por três vezes a ser Presidente da Câmara dos Deputados e a “200 anos” como Presidente do PMDB sem ser um excepcional coordenador político. Talvez o medo do PT em perder o poder tenha falado mais alto. O fato é que de seus três Porquinhos, dois já saíram.
Enfim, no âmbito político simplesmente não há nenhuma proposta de mudança significativa, ou seja, as reformas políticas, tributárias, judiciária, entre outras não estão na pauta de prioridades do Governo, que não demonstra interesse por elas, apenas se preocupa com a Copa/14 e em ocultar seus descalabros.
Pelo lado da política econômica e financeira, o atual Governo, podemos dizer que após anos e anos da mesma coisa, resolveu-se mudar, e ao que parece para pior.
Como sinal negativo, o Governo já abriu mão da meta fiscal e inflacionária de 2011, estipulada pelo próprio Governo, para ser compensada em 2012.
Tudo começou com o Governo Lula, que em seu último ano não quis pagar a conta da inflação gerada pela crise financeira de 2009, visando às eleições de 2010. Na época, para proteger os empresários deu a eles isenções fiscais vendidas como “aumento do poder de compra da população”. Na prática, o “povão” salvou as empresas da crise e está até hoje, pagando as prestações da geladeira, do fogão e da TV, enquanto os empresários e banqueiros continuam a vida e seus ganhos.
Bom, a conta chegou em 2011 e, como eu disse, o Governo Dilma não quis pagá-la imediatamente, alegando ter tempo de mandato, parcelando-a até 2012, tornado assim a política econômica do Governo uma enorme aposta, na qual o mercado já não acredita e deve passar a apostar contra a partir de setembro próximo.
Se não bastasse o descontrole dos gastos públicos e o retorno da inflação ao cenário econômico, o Governo Dilma também quer manter a taxa do dólar nos patamares atuais. Isto, para qualquer economista de “fundo de quintal” , é impossível! Um dos três pilares irá ceder e normalmente é aquele que afeta a vida da população com o maior estrago. Resta esperar e torcer para o mercado estar errado e o Governo certo.
Esses são os primeiros seis meses da nossa Presidenta, que me permitem analisar seu mandato até agora de forma submissa, desorientado, atabalhoado e duvidoso perante o futuro.
Contudo, se não houver uma catástrofe muito grande, como o retorno da inflação ou uma crise política muito grave, Dilma, por comandar o poder da máquina estatal, é sim forte candidata a reeleição, desde que descubra que a “caneta presidencial” pertence a ela e a mais ninguém!
Ainda assim não terá o meu voto!