segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Primeiro Semestre da Presidenta


O currículo da cidadã Dilma Rousseff jamais me agradou. Ela sempre foi vendida como uma “gerentona”, uma grande administradora, o que ela nunca foi, principalmente em Porto Alegre onde seus descasos com a coisa pública bateram várias vezes nos TCUs da vida. Além do mais, foi ela quem coordenou a campanha para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas do Rio, projetos que agora, devido à escassez de tempo, terão todas as obras sem nenhuma fiscalização, o que é uma vergonha para o currículo de qualquer administrador.

Nos anos Lula, podemos dizer que ela foi a ministra mais “PSDB” do governo quando, por exemplo,  privatizou o setor elétrico brasileiro. Agora, como Presidenta, está privatizando aeroportos e tudo mais o que o PT sempre foi contra . Já na Casa Civil, fez o que o Lula jamais fez: despachou!!! Criou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no qual as obras, geralmente desnecessárias, ultrapassadas e jamais concluídas, serviram apenas para sustentar as grandes empresas financiadoras da gastança Lulista. Na verdade, foi uma forma de financiamento do terceiro mandato de Lula, no qual Dilma seria a protagonista da vitória. 

As ações iniciais do Governo Dilma foram altamente elogiáveis, incluindo aí o corte, absolutamente necessário, de R$ 50 bilhões para farras de Deputados e Senadores, quantias essas oriundas dos acordos obscuros realizados pelo seu antecessor e, claro, com a anuência da atual titular.

Neste período, dei meu braço a torcer! Achei mesmo que ela se posicionaria como Presidente da República, afinal os “Três Porquinhos” (Apelido dado às três pessoas mais influentes do início do Governo Dilma: José Eduardo Dutra, Presidente do PT; Antônio Palocci, Coordenador Político do Governo e José Eduardo Cardozo) satisfaziam ao mercado e aos políticos e em fevereiro de 2011, sua atuação frente ao apagão foi bastante contundente. Mas meu espanto durou pouco, especialmente quando ela começou a liberar para a base aliada as verbas citadas no parágrafo anterior, aumentando assim o descontrole dos gastos públicos.

Na administração, a Presidenta perdeu, por motivos de saúde, o seu primeiro “Porquinho”, José Eduardo Dutra, tendo então que  “engolir” seu desafeto Rui Falcão na Presidência do PT. Se lembrarmos de que Dilma é uma “para-quedista” em seu próprio partido, podemos entender a necessidade de alguém de extrema confiança na direção deste, o que não mais ocorre, afinal foi Lula quem pôs Falcão lá!

Ao completar os 100 primeiros dias, a Presidenta sentiu, da pior maneira possível, que não podia governar autoritariamente ao ver a votação do Código Florestal ir contra o seu desejo. Foi um grande recado do Congresso àgerentona”, acostumada a mandar e humilhar seus subalternos em suas reuniões fechadas.

No quinto mês, seguiu-se a “macumba” do Ministério da Casa Civil com a crise envolvendo outro “Porquinho”, desta vez Antônio Palocci, o único ser vivo deste planeta a sair enxotado duas vezes do governo mais corrupto da história deste país (Mensalão, Caseirogate, Erenice, etc... !)  Palocci, indicado por Lula, coordenou a campanha da Presidenta, sendo portanto ele quem captou dinheiro e fez acordos, principalmente com o PMDB, sócio do consórcio governista. Mas desta vez a crise custou caro, muito caro!

Custou caro porque Palocci, apesar de muito respeitado, tinha que sair mesmo, afinal nada justificaria um aumento patrimonial de 20 vezes em um ano eleitoral. O problema foi a demora para tirá-lo do cargo! A Presidenta demonstrou completa insegurança ao não tomar uma decisão imediata perante a crise. Crise que se arrastou e fez Dilma passar a vergonha de chamar Lula para apaziguar os ânimos, deixando uma vacância muito perigosa na cadeira da Presidência. Presidente da República não pode se dar ao luxo de ser governado ou de ser liderado, tem de governar e liderar!

Mas como tudo o que está ruim pode piorar, ela conseguiu! Ao demitir Palocci e chamar a Senadora Gleisi Hoffmann para o seu lugar e a Ideli Salvati, até então escondida no grandioso Ministério da Pesca, para as relações Institucionais, conseguiu criar pânico no Congresso, pois agora o Governo tem três leoas e nenhuma raposa, na verdade tem-se agora três Dilmas e nenhum Lula!

Para arrematar a transloucura, Dilma comunicou, repito “comunicou”, ao Vice-Presidente Michel Temer a sua decisão quando tudo já estava pronto, decidido e avalizado por Lula. Uma catástrofe se lembrarmos que Temer é, apesar de estar afastado, o Presidente do PMDB, o mesmo que demonstrou sua força ao votar contra o Governo no Código Florestal e o mesmo que defendeu Palocci publicamente, coisa que nem o PT o fez.

Os próximos meses dirão como as leoas atuaram no jogo político, mas ao que parece o Governo continuará nas mãos de Sarney, Renan ,Collor e companhias. Creio inclusive que Dilma deveria ter chamado o Temer para ser o Ministro das Relações Institucionais, afinal ninguém chega por três vezes a ser Presidente da Câmara dos Deputados e a “200 anos” como Presidente do PMDB sem ser um excepcional coordenador político. Talvez o medo do PT em perder o poder tenha falado mais alto. O fato é que de seus três Porquinhos, dois já saíram.

Enfim, no âmbito político simplesmente não há nenhuma proposta de mudança significativa, ou seja, as reformas políticas, tributárias, judiciária, entre outras não estão na pauta de prioridades do Governo, que não demonstra interesse por elas, apenas se preocupa com a Copa/14 e em ocultar seus descalabros.

Pelo lado da política econômica e financeira, o atual Governo, podemos dizer que após anos e anos da mesma coisa, resolveu-se mudar, e ao que parece para pior.

Como sinal negativo, o Governo já abriu mão da meta fiscal e inflacionária de 2011, estipulada pelo próprio Governo, para ser compensada em 2012.

Tudo começou com o Governo Lula, que em seu último ano não quis pagar a conta da inflação gerada pela crise financeira de 2009, visando às eleições de 2010. Na época, para proteger os empresários deu a eles isenções fiscais vendidas como “aumento do poder de compra da população”. Na prática, o “povão” salvou as empresas da crise e está até hoje, pagando as prestações da geladeira, do fogão e da TV, enquanto os empresários e banqueiros continuam a vida e seus ganhos.

Bom, a conta chegou em 2011 e, como eu disse, o Governo Dilma não quis pagá-la imediatamente, alegando ter tempo de mandato, parcelando-a até 2012, tornado assim a política econômica do Governo uma enorme aposta, na qual o mercado já não acredita e deve passar a apostar contra a partir de setembro próximo.
Se não bastasse o descontrole dos gastos públicos e o retorno da inflação ao cenário econômico, o Governo Dilma também quer manter a taxa do dólar nos patamares atuais. Isto, para qualquer economista de “fundo de quintal” , é impossível! Um dos três pilares irá ceder e normalmente é aquele que afeta a vida da população com o maior estrago. Resta esperar e torcer para o mercado estar errado e o Governo certo.

Esses são os primeiros seis meses da nossa Presidenta, que me permitem analisar seu mandato até agora de forma submissa,  desorientado, atabalhoado e duvidoso perante o futuro.

Contudo, se não houver uma catástrofe muito grande, como o retorno da inflação ou uma crise política muito grave, Dilma, por comandar o poder da máquina estatal, é sim forte candidata a reeleição, desde que descubra que a “caneta presidencial” pertence a ela e a mais ninguém!

Ainda assim não terá o meu voto!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Sugestões Culturais


A Cultura é a chave para se compreender os valores que sustentam uma sociedade ou civilização. Neste sentido, torna-se imperativo que existam ações que alimentem tais valores para que haja a perpetuação destes e, por consequência, a continuação da sociedade ou civilização em questão. A não ser que se queira alterá-los !!!

Mas o que é Cultura ???

O termo “Cultura” é erroneamente utilizado no dia-a-dia para definir as artes em geral. Contudo, seu significado real é muito mais abrangente, pois ela é o elo que nos une em comunidades, sociedades ou civilizações, o que uma vez compreendido nos faz mudar o olhar que temos sobre elas.

Vivemos coletivamente, unidos fortemente por elos de comunicação tais como a fala e os gestos expressivos e é por meio deles que experimentamos a vida, a morte, o amor, os desejos, dentre outras coisas. E não só temos a necessidade, quase desesperada, de nos expressar, como nos tornamos muito criativos quando fazemos isto! Afinal, é difícil não responder “bom dia!” a uma pessoa, não nos sentirmos convocados a ir sofrer em um velório, ou fazer loucuras por amor.

Enfim, é vital nos expressarmos emocionalmente. Mas, para isto, utilizamos de uma habilidade especial: o trabalho (Por favor não confundir com “o emprego”, no qual apenas vendemos a nossa força de trabalho a outra pessoa!).

Tal qual Karl Marx nos ensinou, o Ser-Humano distingue-se das outras espécies do planeta pela sua capacidade de pensar e analisar o meio-ambiente em que está inserido, transformando-o a seu favor por meio do seu trabalho.

Sendo assim, trabalhando criamos as artes, aprendemos a calcular, entendemos o átomo e o cosmos, criamos cidades para morarmos, e fazemos tantas outras coisas baseadas em nossos valores culturais coletivos (Lembra da morte, da fala, da vida, dos desejos etc...). Em outras palavras, nós utilizamos o trabalho para expressar e manter os elos de comunicação que tendem a nos unir, fortalecendo nossos laços coletivos. Portanto, tudo em volta de uma sociedade moderna pode e deve ser considerado Cultura!

Neste sentido, Cultura passa a ser um todo de “significados e símbolos”, ou seja, toda a variedade de modos de vida, crenças, hábitos, conhecimentos, valores e práticas das diversas sociedades humanas, significando também um modo de produção, uma vez que também propaga as idéias defendidas pela mesma sociedade que a criou com o intuito de perpetuá-la.

E assim podemos entender a Cultura como sendo o pilar de uma sociedade, e por consequência o instrumento por meio do qual podemos transformá-la, positiva ou negativamente.

Vou dar-lhes um exemplo. Imaginem um museu da segunda guerra mundial, cheio de bandeiras, uniformes, armas e símbolos enaltecendo a gloriosa campanha da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Sairíamos dele com um enorme orgulho de nossos soldados e repudiando o nazismo alemão.

Mas se a Alemanha de Hitler tivesse vencido a “2º Grande Guerra” provavelmente o mesmo museu mostraria fatos que nos fariam enaltecer a queima de judeus, a ditadura e adoração por um louco.

Como vêem, nossas expressões culturais são nossos pilares. Portanto, devemos cuidar bem desses pilares para que não sejam corrompidos. Contudo, devemos também deixá-los evoluir naturalmente, respeitando a cultura do outro e, se possível, aprender com ela. Como disse Machado de Assis através do Senhor Brás Cubas: “acredite sempre em você, mas não duvide de alguns...”.

Para aqueles que gostam de ações práticas, reproduzo aqui a carta que enviei ao Prefeito de Caeté ao raiar de seu segundo mandato, contendo sugestões de ações culturais. Talvez alguém aproveite as idéias nela contidas...

“Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Caeté,
 Dr. Ademir de Carvalho

Venho por meio desta, sugerir adequações quanto à postura e ao funcionamento da Fundação Casa de Cultura, visando o seu maior aproveitamento junto à administração pública municipal e, principalmente, junto à população caeteense.

Tal adequação, necessariamente, passa pela adoção de um novo conceito para o termo CULTURA, usualmente usado para definir eventos artísticos clássicos ou rituais tradicionais, mas que as ciências sociais modernas definem como sendo um “todo de significados”. Significados estes que se referem aos valores que cada um de nós, individual e coletivamente, considera importante o suficiente para transmiti-los às gerações futuras, tais como família, democracia, culto à memória, conhecimento científico, ritos religiosos e muitos outros, inclusive as artes, clássicas ou não.

Esta mudança conceitual implica em uma nova política pública para o setor, pois seus horizontes serão bem maiores dentro deste novo conceito, não sendo mais determinante incentivar apenas as artes e os rituais clássicos, mas também o conhecimento, a democracia, a cidadania, assim como todas as artes (Lembrando que são sete diferentes tipos de arte), sempre respeitando os limites e desejos das diversas comunidades.

As ações a serem trabalhadas exigirão uma mobilização popular, pois somente a participação ativa da população garantirá a continuidade e o aperfeiçoamento desta nova política pública para a Cultura. É bom lembrar que tal política não seria muito onerosa aos cofres públicos, visto que as ações a serem desenvolvidas implicam em parcerias com as comunidades e empresas, bem como o uso da infra-estrutura pública já disponível, como o uso do prédio do cinema ou do Poliesportivo.

De posse deste novo conceito de CULTURA e de uma nova política, a Fundação Casa de Cultura deve “atuar pensando globalmente e agindo localmente”, ou seja, deve identificar e fomentar, por meio de projetos reconhecidamente testados, os valores significativos das diferentes comunidades de nosso município, conforme as suas necessidades específicas.

Como exemplo de ações a serem trabalhadas, podemos citar a criação de um grupo de teatro municipal único ou para cada bairro, um concurso de “curtas metragens” e fotografias sobre a cidade, o incentivo de apresentações dos grupos tradicionais pelas praças e bares da cidade (Congados, maracatu, bandas de música, corais etc...), a realização de um festival de corais (Incrível, mas Caeté deve possuir uns 6 corais!), o incentivo à curiosidade científica nas escolas por meio de feiras de ciências, a criação de escolinhas de música pop (Rap, Funk, MPB etc...), o estímulo a competições esportivas (Skate, bicicleta, corrida etc.), aos concursos de poesias ou aos concursos de “comida de buteco”, a criação de salas de sarau nos bairros, a reestruturação do carnaval caeteense dentro da modernidade, a divulgação da Semana Santa, a recolocação da Serra da Piedade e suas atividades em nosso mapa, a realização de parcerias com municípios vizinhos e muitas outras ações que sempre devem ser balizadas pela parceira com a comunidade, pelo uso racional da infra-estrutura existente e pela diversificação e flexibilização dos projetos. Com todas estas possibilidades, a Fundação Casa de Cultura passaria a trabalhar em parceria com todas as outras secretarias, não tomando-lhes o lugar, mas utilizando-se racionalmente das estruturas que dispõem.

Em vista do exposto Senhor Prefeito, creio que a CULTURA não deve ser mais orientada para as poucas e grandes apresentações, mesmo porque o público que as freqüenta dispõe de capital para assisti-las em BH ou outro pólo. Deve sim ser focada nas necessidades específicas de cada comunidade, tornando-se real, viva, palpável aos olhos do morador da comunidade. Não pode e não deve ser uma coisa distante, inatingível. Vale ressaltar que as ações localizadas são mais econômicas em seus custos e muito mais interessantes para o aumento do capital político, dado que a população mais carente passa a ser a maior beneficiada.

Sem mais, desejo-lhe sucesso maior em seu segundo mandato, bem como me coloco a disposição para ajudar a melhorar a nossa cidade no que for possível.

Caeté, 17 de novembro de 2008

Cordialmente,
Nelson Alves da Silva.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Paradigma Capitalista e o Uso do Planeta




Ao ver tanta miséria e fome no mundo, torna-se difícil não defender o crescimento econômico mesmo frente à degradação ambiental. Um estudo um pouco mais aprofundado nos mostra que, na verdade, o crescimento econômico só acontece porque nós não pagamos a conta para com a verdadeira fornecedora dos recursos naturais que viabilizam esse crescimento, a natureza do nosso planeta.

Do ponto de vista econômico, os recursos naturais são divididos em três categorias, sendo:

a)  Recursos naturais não renováveis: aqueles que não têm capacidade de autoregeneração, tais como os minerais ou combustíveis;

b) recursos quase renováveis: aqueles que possuem um ciclo de existência ou dependem da criação de novas tecnologias como a água, que depois de evaporar retorna em forma de chuva, ou energia; e

c) dejetos: que são todo o tipo de lixo.

Portanto, o crescimento econômico é caracterizado pela exploração ilimitada destes recursos naturais e pela não privatização destes, o chamado “Capital Natural”. Em outras palavras, todo mundo usa e ninguém paga nada ao dono, no caso o planeta Terra!

O desequilíbrio que vemos hoje é o resultado desta exploração em escala mundial. É um nítido “Desinvestimento do Capital Natural”, que significa, em termos econômicos, o esgotamento dos recursos não renováveis, o uso inadequado dos recursos quase renováveis, e o aumento dos dejetos, provocando impactos ambientais de todo tipo (Poluição, doenças etc...).
   
Ao compararmos as economias mundiais ou mesmo as municipais, levamos em consideração a geração de produtos e serviços mostrados nas estatísticas de desenvolvimento constantes em seus balanços.

Porém, esta visão equivocada, simplesmente ignora os custos ambientais embutidos nos processos. Assim, quanto mais rápido uma cidade destrói sua floresta, esgota suas reservas hidrográficas ou exaure seus depósitos minerais, mais elevados serão seu produto interno bruto (PIB) e sua renda “per capta”, dando a impressão que sua economia é altamente desenvolvida. Entretanto, este suposto desenvolvimento econômico representa um custo real, físico e muito alto não embutido nas contas dos balanços, e, se levarmos em consideração que este crescimento depende do uso sempre crescente dos recursos naturais, o que fisicamente não acontece, a coisa fica pior. Por exemplo: nós não fabricamos água, mas a usamos praticamente em todos os processos de produção.

Para se ter uma idéia, cientistas econômicos calcularam, no final dos anos 80, quanto deveríamos pagar para a natureza pelos serviços prestados, tais como a filtragem do oxigênio e da água, o fornecimento da chuva que cai na plantação, a absorção de dejetos venenosos pelo solo, ou até mesmo a simples disponibilização de cenários e paisagens que nos dão tanto prazer. Chegaram à conclusão que, durante um ano, deveríamos pagar ao planeta cerca de “38 trilhões de dólares” por estes produtos e serviços. Para efeito de comparação, no mesmo ano do referido cálculo, as vinte maiores economias do mundo somadas geraram cerce de 18 trilhões de dólares.

Como podemos verificar, as políticas conservadoras não consideram estes custos nas análises de suas atividades de produção, serviço e consumo e deveriam, pois, na verdade, elas são a essência de qualquer sistema econômico.

Em uma nova visão política, distinta da tradicional, tem-se uma abordagem multidisciplinar que leva em conta os princípios e as leis da natureza, constituindo-se essa visão numa ciência inovadora voltada para o entendimento e a gestão da sustentabilidade da vida na Terra.

Esta nova ciência baseia-se no princípio de que devem ser praticadas, na economia e na vida, regras que conduzam a uma máxima eficiência e a uma mínima perda nas transformações produtivas, entendendo também que tudo o que se retira do meio ambiente retorna ao mesmo, seja como produto ou como lixo.

Dentro desta perspectiva, a natureza passa a ser integrante do sistema produtivo, adquirindo significados bem distintos dos que tinha no pensamento conservador, sendo agora vista como:

a)  Fornecedora de recursos (Ex: extração de matéria prima);

b)  Fornecedora de bens e serviços (Ex: paisagens naturais);

c)  Assimiladora de dejetos (Ex: lixo de qualquer tipo).

Nesta nova visão, o meio ambiente não é separado da vida, da sociedade ou da economia. Ele é a dimensão em que estas se concretizam. É a dimensão em que todas as nossas atividades ocorrem, proporcionando os recursos essenciais (matéria prima) para a


transformação de nosso meio e recebendo, como uma fossa, todo tipo de lixo em que se convertem os produtos, filtrando-os e devolvendo-os ao processo.

Neste conceito, é de extrema importância entendermos que o meio ambiente, ou seja a natureza, não pode ser colocado em segundo plano em nosso planejamento, pois o uso dos recursos naturais e o lançamento de dejetos não podem sobrecarregar ou interferir nos ciclos naturais, sob pena de uma interrupção no fornecimento destes recursos em nossos processos de produção.

É essencial que este novo conceito seja considerado em primeiro plano, pois a interrupção no fornecimento destes recursos que o meio ambiente nos proporciona significa também o fim da vida neste planeta, ou pelo menos o fim da espécie dominante, nós!

Porém, o uso racional do meio ambiente nos levará a um Desenvolvimento Sustentável, o que permitirá que nossos filhos e netos continuem a comer com talheres de metal, em pratos de louça, utilizando guardanapos de papel, bebendo água limpa e admirando a vista, como a da Serra da Piedade que eu, pessoalmente, acho linda.  


quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Futuro Nosso de Cada Dia



Encerrou-se com a Páscoa mais uma campanha em defesa do planeta, desta vez coordenada pela Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB). Poderia ter sido considerada como “mais uma campanha” se a compararmos aos milhares de campanhas que vemos ao redor do mundo, patrocinadas por ONGs e Governos, cujos teores são sempre os mesmos cheios de protestos contra as empresas, acusações aos Governos e ódio quanto à radicalização de ativistas!

Contudo, esta campanha trouxe um fato novo ao chamar a população das comunidades para o centro da discussão.

Confesso que foi interessante ver o que pensam as pessoas comuns sobre as mudanças climáticas, bem como sobre suas considerações sobre o nosso planeta. Mas também foi desolador descobrir que quase ninguém sabe o que pode fazer para combater este problema! Na verdade este é o maior problema!

Nós, terráqueos comuns, temos consciência do problema, sabemos os riscos a que ele nos sujeita, sabemos que devemos lutar contra a exploração desenfreada do meio-ambiente, mas não realizamos ações individuais que ajudem a minimizar os danos pelo simples fato de não sabermos quais ações são positivas e impactantes!

Em resumo, nós, apesar de sermos contra a exploração feita pelas grandes empresas com anuência dos governos, estamos assistindo quietos à destruição da nossa casa. Afinal, nos sentimos impotentes perante o poderio econômico e pequenos demais diante da grandeza e frieza dos números.

Então o que fazer??? Protestar coletivamente? Fazer mais “revoluções verdes”? Gritar por mudanças na legislação? 

Creio que como habitantes do planeta devemos atuar nas grandes causas e também nas pequenas ações.

Devemos sim lutar pela mudança da matriz energética para outras não poluentes como a energia solar, nuclear ou eólica, ou exigir que os carros façam 50km/l e que as produtoras de petróleo injetem o CO2 para dentro de reservatórios de petróleos vazios.

Mas, mais do que promover grandes ações coletivas, devemos nos atentar para as ações individuais, tais como: desligar os aparelhos eletrônicos nas tomadas (Lembra da “luzinha vermelha”?); separar o lixo orgânico do reciclado; usar a água com extrema eficiência; descongelar a geladeira; usar o fogão a gás; diminuir o desperdício de alimentos, embalagens e combustível; usar a bicicleta ou andar a pé e plantar árvores. Essas são ações individuais que somadas surtem um enorme efeito positivo no impacto provocado pelas mudanças climáticas globais.

São ações individuais, simples e ao alcance de todos.

Qualquer um de nós rasga elogios ao ver alguém realizando essas pequenas ações. Então porque nós não as fazemos rotineiramente? Porque não as realizamos em casa, nos serviço e nas horas de lazer?

O problema é a nossa “Cultura da Natureza”!

A “Cultura da Natureza” expressa a nossa incapacidade de nos separarmos da natureza e de acreditarmos que ambos, o homem e a natureza, são eternos.

Na verdade, não apagamos as luzes por acreditarmos que a energia vem da tomada! Não separamos o lixo porque dá trabalho e o depósito é longe da nossa casa! Não economizamos água porque vemos enormes represas e rios a nossa volta! Não descongelamos a geladeira porque é mais barato comprar outra! Não usamos bicicleta porque ter um carro é ter “status”! Não plantamos árvores porque acreditamos ver muitas! Enfim, nós desperdiçamos alimento e energia porque não acreditamos que estes possam acabar!

Como vêem, inconscientemente, acreditamos serem infinitas e gratuitas as benesses da natureza!

Portanto, é preciso fazer muito mais do que ações coletivas e individuais. É preciso mudar a nossa cultura. Mudá-la para uma “Cultura Tecnológica” na qual aprenderemos a viver realmente com os recursos escassos. Uma cultura onde saberemos o quanto custa um litro d’água, ou um metro de grama e lhes daremos valores devidos.

Mas para que aconteça esta mudança cultural é preciso romper com a natureza, é necessário perdê-la, um pensamento assustador, mas que poderá ser a diferença entre ter um futuro ou calar-se perante a morte de nossa espécie.

De toda forma, o nosso futuro é construído no dia-a-dia através de nossas decisões coletivas e individuais, ficando então a pergunta: -Qual é o futuro que você deseja ajudar a construir?



quarta-feira, 23 de março de 2011

O Discurso Do Rei



Como falei no post anterior, desejo e acredito na união pan-americana e mundial. Para fundamentar ainda mais tal desejo, divido com vocês algumas palavras, cujo teor é de inegável força.

As palavras foram proferidas pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência Asteca, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixando embasbacados os principais chefes de Estado da Comunidade Européia durante seu discurso na conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri.

Seguem suas palavras...

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos.

O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento, com juros, de uma divida contraída por um Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu, um rábula, me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento, também posso reclamar juros.

Consta no Arquivo das Índias. Papel sobre papel, recibo sobre recibo, assinatura sobre assinatura que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América

Terá sido isso um saque?

Não acredito porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao Sétimo Mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas que qualificam o encontro de "destruição da Índias" ou Arturo Uslar Pietri, que afirma que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos retirados das Américas!

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de outros empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Eu, Guaicaipuro Cuatémoc, prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "Marshal-tezuma", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho diário e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrarmos o Quinto Centenário desse Empréstimo, poderemos nos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses recursos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional?

É com pesar que dizemos não.

No aspecto estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem um outro destino a não ser terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como um Panamá, mas sem o canal.

No aspecto financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto se tornarem independentes das rendas liquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar. E nos obriga a reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos para cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos emprestados, acrescidos de um módico juro fixo de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 180 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total seriam precisos mais de 300 cifras, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata! Quanto pesariam calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para pagar esses módicos juros seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demêncial irracionalidade dos pressupostos do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam aos índo-americanos.

Porém exigimos a assinatura de uma carta de intenções que discipline aos povos devedores do Velho Continentes e que os obrigue a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permita nos entregá-la inteira como primeira prestação da dívida histórica."

Nas fortes palavras do irmão Asteca vejo que a tese da “dívida externa” ganhou um forte argumento em prol dos países pobres. Mas isto é uma discussão jurídica...

No âmbito sociológico vejo minha própria luta contra a espoliação cultural das classes menos favorecidas, onde abastados criticam os funks, os pagodes, as macumbas, entre outras atividades culturais, mas sempre esquecem que foi através do sangue e do suor destes “ignorantes culturais” que se construíram as “fortunas culturais dominantes”.

Para mim a maior ofensa é ser chamado de “colonizado”, pois nada é pior que perder sua identidade cultural, principalmente através da espoliação econômica, e sob a alegação de “atraso civilizatório”.

Cultura é cultura, não se pode diferenciar em “níveis”! Todas tem o mesmo peso e valor! 

E nós, como os “Indo-Americanos” da carta, podemos ser de maioria pobre, porém nós nascemos livres e com cultura própria, e não podemos jamais esquecer isto !!!

Defenda a sua cultura, pois é a única maneira do seu povo, de seus valores básicos, de sua história não desaparecerem, bem como ajuda a aumentar a “cultura humana”, que nada mais é que a soma de todas as culturas espalhadas aqui em nosso planeta. Sem a discriminação ou a desumanização, fontes da espoliação das culturas diversas, podemos sim sonharmos com uma Gaia próspera e para todos.

Que o Discurso do Rei Guaicaípuro Cuatemoc desperte em nós um sentimento de igualdade, nunca de submissão !!!


quarta-feira, 16 de março de 2011

Fora Yanke Imperialista!



É certo que podemos considerar os Estados Unidos como a “glória e o flagelo” do colonialismo europeu, resumido no sucesso de sua filosofia capitalista-imperialista básica dos recentes 200 anos, mas isto não justifica uma agressão ao ícone da mesma forma de sociedade que escolhemos para a nossa nação, ou alguém, tirando os poetas e os loucos, ousa defender nas “conversas de botequim” o fim da propriedade privada por estas bandas?

Refiro-me à histórica visita do Presidente Estadunidense a Presidenta Brasileira, que marcará, em nosso solo, uma mudança de rumo nas relações bilaterais, desgastada por anos de loucuras de seus ex-presidentes.  

A agressão, se consumada, dar-se-á no discurso aberto ao público que o Presidente Obama, fará na Cinelândia, centro da cidade do Rio de Janeiro, cujo tema certamente remete ao estreitamento das relações entre os dois países, sendo aguardado com muita ansiedade pelo Governo Brasileiro, justificada pela expectativa de grandes anúncios nas áreas políticas, militares e comerciais, satisfazendo assim a todos que tem contatos com o poder.

Do ponto de vista racional, os efeitos deste encontro podem ser gigantescos se pensarmos em montar uma parceria duradoura ao invés de brigarmos por ideologias mortas. Marx morreu, Morrin está vivo! O mundo só crescerá sob a baliza da “Colaboração”.

Pense em nossa biodiversidade, reservas minerais, parque industrial instalado, localização geográfica estratégica, e lógico as recentes descobertas petrolíferas aliados a maior economia do mundo em uma região toda integrada por terra, um mercado “Pan-Americano”, que controlasse o fornecimento de matérias-primas para a segunda maior economia do mundo, a China, e para o resto dos europeus.

Alguns podem dizer que isto é utopia, mas com os recentes acontecimentos no Japão, ficou claro que o mundo tem de crescer para outras bandas, e o Brasil é a “bola da vez”, neste caso devemos agir como líderes mundiais, principalmente demonstrando educação durante as visitas de outros líderes, escutando-os para negociarmos bem e melhor.

A agressão, o protesto, será patrocinado pelas Centrais Sindicais, movimento dos “Sem-Terras”, Ongs diversas e a UNE (União Nacional dos Estudantes).

Desconsiderando a falta de educação, a baixa representatividade e o fato de todas estas entidades serem ligadas ao PT, que por acaso é o governo e como citado quer consertar anos de desperdício de energia em batalhas perdidas, torna-se necessário também demonstrar as razões individuais pelas quais elas não poderiam protestar.

As Centrais Sindicais, cópias dos sindicatos de filmes hollywoodianos, já apoiavam governos ditatoriais desde seu criador Getúlio Vargas, atingiram o limbo ao se entranharem na administração do Governo com Lula e se calaram com os R$ 545,00 que Dilma pagou-lhes com a presença nos Conselhos de todas as Estatais, agora também são capitalistas legítimos. Que moral tem para protestar contra a forma capitalista de exploração? Tem de bater palmas ao maior líder sindical do mundo e com muito entusiasmo!

O movimento dos “Sem-Terras”, por ser revolucionário e de vanguarda mundial poderia protestar sim, mas não deveria, uma vez que o Presidente Obama é negro, meio muçulmanos, de origem pobre, representando uma chance de reconhecimento mundial ao MST. Perderão talvez a única oportunidade de poderem ser reconhecidos pelo Governo Dilma e pela sociedade brasileira, com o protesto ganharão a ira dos dois. Será um grande “tiro no pé”!

As Ongs em questão são todas dependentes de repasses financeiros das Estatais, como as multinacionais Petrobrás e Eletrobrás. Portanto cidadão as faixas do tipo “Go Home” ou “F@#*” que você verá na Cinelândia serão pagas com o seu dinheiro e representam a ala conservadora do PT que defende Stalin, Cuba, Chavez, Zimbabwe e até Kadaffi. A Dilma precisa apenas de um pequeno motivo para cortar esta herança lulista, neste caso “cortar” significa parar de dar dinheiro público para elas, motivo pelo qual elas também não deveriam protestar, são as que tem mais a perder, pois vão perder as tetas em que mamam!

Já a Une é um caso a parte. Creio até que um caso perdido, pois parou mesmo no tempo. Até mesmo Lindenberg Farias, o seu presidente na época dos “caras-pintadas”, trabalha junto com Collor no Senado Federal. Fico triste em ver uma entidade com uma história tão bonita se manifestar através de megafones e máquinas de escrever com os mesmos brados de ódio de seus fundadores, enquanto seus representados usam notebooks, celulares e desejam colaborar para um mundo melhor.

O protesto será um fim melancólico de sua representatividade, pois a maioria dos estudantes claramente preferem escutar as novidades do “imperialista” do que os “jornais reacionários” patrocinados pela entidade, mesmo porque os alunos deverão fazer trabalhos escolares sobre a visita! Com este ato a UNE demonstra prepotência, amargura e uma enorme incapacidade de negociação, coisas que deveriam ser básicas para quem representa estudantes em uma democracia, além de ter sido cassada por uma ditadura militar!

Enfim, podemos até não concordar com a opinião dos outros, mas não devemos protestar antes de escutar o que o outro tem a dizer, especialmente um convidado, ainda mais quando certamente temos algo em comum, pois o mundo globalizado fez com que os problemas também sejam globalizados. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar vozes, especialmente as que hoje ainda nos exploram, porém cada vez mais dependentes de nós!  

Vamos conversar! Se não for pela emoção, que seja pela educação, senão pela razão e nunca mais pela espada!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Heranças De Uma Ex-Colônia




Minas Gerais é o maior estado da região sudeste do Brasil com cerca de 570 mil Km2 de campos, rios, montanhas e lagos. Neste contexto inserem-se 853 municípios com características tão variadas, que podemos dizer que Minas é o estado da federação que tem a maior diversidade turística e cultural. 

Em vista desta diversidade veio a conseguente dificuldade de planejamento das ações em âmbito estadual. Como solução foram criados os chamados “Circuitos Turísticos”, agrupando municípios cujas características são semelhantes, dando-lhes uma certa autonomia. 

Este louvável passo governamental, possibilitou que estas cidades passassem a controlar as políticas regionais de turismo. Porém o sucesso desta visão moderna de administração autônoma do bem público esbarrou na política paternalista pregada pelo estado brasileiro desde os tempos coloniais, na falta de recursos do poder público e na descontinuidade dos projetos governamentais, municipais e estaduais, desperdiçando assim tempo e recursos. 

Este exemplo dado sobre o setor de turismo reflete bem o quanto se faz necessário o uso cada vez maior do “Princípio da Subsidiariedade” em todas as áreas de nossa sociedade. 

O problema da descontinuidade dos projetos governamentais é cultural, é de “nascença” do ser humano, chamamos isto de “ego”. Qualquer governante recém eleito, por mais bem intencionado que seja, fará projetos visando os quatro anos que tem direito. 

Quanto aos recursos públicos, é desnecessário discutirmos muito, dado o tamanho do desperdício. Eu defendo a tese do uso eficaz, bem como criativo dos cada vez mais escassos recursos públicos, especialmente o intelectual. 

Temos então a herança da política paternalista dos tempos da colônia e consolidado no regime imperial, o que em minha opinião é o problema mais sério que todos enfrentamos, e é nela que o Princípio da Subisidiariedade veio para agir. 

Mas o que é mesmo o tal do “Princípio da Subsidiariedade”. É aquele pelo qual devemos solucionar nossos problemas, sem os levar até os superiores, a menos que seja estritamente necessário. É exatamente isto que nos falta. 

Temos autonomia, temos infra-estrutura, temos disposição e temos recursos (recursos não são apenas financeiros!) então porque não fazemos? Porque ainda esperamos convites de nossos governantes superiores para participarmos da festa, porque simplesmente não a fazemos? 

Mas não estamos acostumados a este tipo de política, o que não impede o aprendizado. E temos de aprender rápido, pois é urgente a necessidade de enterrarmos as idéias paternalistas coloniais e fazermos viver as idéias de modernidade do nosso tempo, afinal a população mais simples não pode pagar pelo atraso de idéias da sociedade e principalmente do poder público. 

Vamos fazer mais do que pede a nossa responsabilidade!!!