sexta-feira, 11 de março de 2011

Heranças De Uma Ex-Colônia




Minas Gerais é o maior estado da região sudeste do Brasil com cerca de 570 mil Km2 de campos, rios, montanhas e lagos. Neste contexto inserem-se 853 municípios com características tão variadas, que podemos dizer que Minas é o estado da federação que tem a maior diversidade turística e cultural. 

Em vista desta diversidade veio a conseguente dificuldade de planejamento das ações em âmbito estadual. Como solução foram criados os chamados “Circuitos Turísticos”, agrupando municípios cujas características são semelhantes, dando-lhes uma certa autonomia. 

Este louvável passo governamental, possibilitou que estas cidades passassem a controlar as políticas regionais de turismo. Porém o sucesso desta visão moderna de administração autônoma do bem público esbarrou na política paternalista pregada pelo estado brasileiro desde os tempos coloniais, na falta de recursos do poder público e na descontinuidade dos projetos governamentais, municipais e estaduais, desperdiçando assim tempo e recursos. 

Este exemplo dado sobre o setor de turismo reflete bem o quanto se faz necessário o uso cada vez maior do “Princípio da Subsidiariedade” em todas as áreas de nossa sociedade. 

O problema da descontinuidade dos projetos governamentais é cultural, é de “nascença” do ser humano, chamamos isto de “ego”. Qualquer governante recém eleito, por mais bem intencionado que seja, fará projetos visando os quatro anos que tem direito. 

Quanto aos recursos públicos, é desnecessário discutirmos muito, dado o tamanho do desperdício. Eu defendo a tese do uso eficaz, bem como criativo dos cada vez mais escassos recursos públicos, especialmente o intelectual. 

Temos então a herança da política paternalista dos tempos da colônia e consolidado no regime imperial, o que em minha opinião é o problema mais sério que todos enfrentamos, e é nela que o Princípio da Subisidiariedade veio para agir. 

Mas o que é mesmo o tal do “Princípio da Subsidiariedade”. É aquele pelo qual devemos solucionar nossos problemas, sem os levar até os superiores, a menos que seja estritamente necessário. É exatamente isto que nos falta. 

Temos autonomia, temos infra-estrutura, temos disposição e temos recursos (recursos não são apenas financeiros!) então porque não fazemos? Porque ainda esperamos convites de nossos governantes superiores para participarmos da festa, porque simplesmente não a fazemos? 

Mas não estamos acostumados a este tipo de política, o que não impede o aprendizado. E temos de aprender rápido, pois é urgente a necessidade de enterrarmos as idéias paternalistas coloniais e fazermos viver as idéias de modernidade do nosso tempo, afinal a população mais simples não pode pagar pelo atraso de idéias da sociedade e principalmente do poder público. 

Vamos fazer mais do que pede a nossa responsabilidade!!!

Um comentário:

  1. Fazer mais do que pede a nossa responsabilidade significa resgatar uma palavra em desuso: compromisso. E não o compromisso ingênuo que a maioria tem com seu próprio pequeno e imediato ganho. É preciso comprometer-se com ideias e causas, ainda que mínimas, básicas. Até porque, aqueles que já conseguiram passear pelo mundo para além de seu próprio umbigo já entenderam que essa é a única maneira de se salvar a própria pele. Se é que há salvação!

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