quarta-feira, 23 de março de 2011

O Discurso Do Rei



Como falei no post anterior, desejo e acredito na união pan-americana e mundial. Para fundamentar ainda mais tal desejo, divido com vocês algumas palavras, cujo teor é de inegável força.

As palavras foram proferidas pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência Asteca, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixando embasbacados os principais chefes de Estado da Comunidade Européia durante seu discurso na conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri.

Seguem suas palavras...

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos.

O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento, com juros, de uma divida contraída por um Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu, um rábula, me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento, também posso reclamar juros.

Consta no Arquivo das Índias. Papel sobre papel, recibo sobre recibo, assinatura sobre assinatura que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América

Terá sido isso um saque?

Não acredito porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao Sétimo Mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas que qualificam o encontro de "destruição da Índias" ou Arturo Uslar Pietri, que afirma que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos retirados das Américas!

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de outros empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Eu, Guaicaipuro Cuatémoc, prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "Marshal-tezuma", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho diário e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrarmos o Quinto Centenário desse Empréstimo, poderemos nos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses recursos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional?

É com pesar que dizemos não.

No aspecto estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem um outro destino a não ser terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como um Panamá, mas sem o canal.

No aspecto financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto se tornarem independentes das rendas liquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar. E nos obriga a reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos para cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos emprestados, acrescidos de um módico juro fixo de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 180 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total seriam precisos mais de 300 cifras, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata! Quanto pesariam calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para pagar esses módicos juros seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demêncial irracionalidade dos pressupostos do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam aos índo-americanos.

Porém exigimos a assinatura de uma carta de intenções que discipline aos povos devedores do Velho Continentes e que os obrigue a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permita nos entregá-la inteira como primeira prestação da dívida histórica."

Nas fortes palavras do irmão Asteca vejo que a tese da “dívida externa” ganhou um forte argumento em prol dos países pobres. Mas isto é uma discussão jurídica...

No âmbito sociológico vejo minha própria luta contra a espoliação cultural das classes menos favorecidas, onde abastados criticam os funks, os pagodes, as macumbas, entre outras atividades culturais, mas sempre esquecem que foi através do sangue e do suor destes “ignorantes culturais” que se construíram as “fortunas culturais dominantes”.

Para mim a maior ofensa é ser chamado de “colonizado”, pois nada é pior que perder sua identidade cultural, principalmente através da espoliação econômica, e sob a alegação de “atraso civilizatório”.

Cultura é cultura, não se pode diferenciar em “níveis”! Todas tem o mesmo peso e valor! 

E nós, como os “Indo-Americanos” da carta, podemos ser de maioria pobre, porém nós nascemos livres e com cultura própria, e não podemos jamais esquecer isto !!!

Defenda a sua cultura, pois é a única maneira do seu povo, de seus valores básicos, de sua história não desaparecerem, bem como ajuda a aumentar a “cultura humana”, que nada mais é que a soma de todas as culturas espalhadas aqui em nosso planeta. Sem a discriminação ou a desumanização, fontes da espoliação das culturas diversas, podemos sim sonharmos com uma Gaia próspera e para todos.

Que o Discurso do Rei Guaicaípuro Cuatemoc desperte em nós um sentimento de igualdade, nunca de submissão !!!


quarta-feira, 16 de março de 2011

Fora Yanke Imperialista!



É certo que podemos considerar os Estados Unidos como a “glória e o flagelo” do colonialismo europeu, resumido no sucesso de sua filosofia capitalista-imperialista básica dos recentes 200 anos, mas isto não justifica uma agressão ao ícone da mesma forma de sociedade que escolhemos para a nossa nação, ou alguém, tirando os poetas e os loucos, ousa defender nas “conversas de botequim” o fim da propriedade privada por estas bandas?

Refiro-me à histórica visita do Presidente Estadunidense a Presidenta Brasileira, que marcará, em nosso solo, uma mudança de rumo nas relações bilaterais, desgastada por anos de loucuras de seus ex-presidentes.  

A agressão, se consumada, dar-se-á no discurso aberto ao público que o Presidente Obama, fará na Cinelândia, centro da cidade do Rio de Janeiro, cujo tema certamente remete ao estreitamento das relações entre os dois países, sendo aguardado com muita ansiedade pelo Governo Brasileiro, justificada pela expectativa de grandes anúncios nas áreas políticas, militares e comerciais, satisfazendo assim a todos que tem contatos com o poder.

Do ponto de vista racional, os efeitos deste encontro podem ser gigantescos se pensarmos em montar uma parceria duradoura ao invés de brigarmos por ideologias mortas. Marx morreu, Morrin está vivo! O mundo só crescerá sob a baliza da “Colaboração”.

Pense em nossa biodiversidade, reservas minerais, parque industrial instalado, localização geográfica estratégica, e lógico as recentes descobertas petrolíferas aliados a maior economia do mundo em uma região toda integrada por terra, um mercado “Pan-Americano”, que controlasse o fornecimento de matérias-primas para a segunda maior economia do mundo, a China, e para o resto dos europeus.

Alguns podem dizer que isto é utopia, mas com os recentes acontecimentos no Japão, ficou claro que o mundo tem de crescer para outras bandas, e o Brasil é a “bola da vez”, neste caso devemos agir como líderes mundiais, principalmente demonstrando educação durante as visitas de outros líderes, escutando-os para negociarmos bem e melhor.

A agressão, o protesto, será patrocinado pelas Centrais Sindicais, movimento dos “Sem-Terras”, Ongs diversas e a UNE (União Nacional dos Estudantes).

Desconsiderando a falta de educação, a baixa representatividade e o fato de todas estas entidades serem ligadas ao PT, que por acaso é o governo e como citado quer consertar anos de desperdício de energia em batalhas perdidas, torna-se necessário também demonstrar as razões individuais pelas quais elas não poderiam protestar.

As Centrais Sindicais, cópias dos sindicatos de filmes hollywoodianos, já apoiavam governos ditatoriais desde seu criador Getúlio Vargas, atingiram o limbo ao se entranharem na administração do Governo com Lula e se calaram com os R$ 545,00 que Dilma pagou-lhes com a presença nos Conselhos de todas as Estatais, agora também são capitalistas legítimos. Que moral tem para protestar contra a forma capitalista de exploração? Tem de bater palmas ao maior líder sindical do mundo e com muito entusiasmo!

O movimento dos “Sem-Terras”, por ser revolucionário e de vanguarda mundial poderia protestar sim, mas não deveria, uma vez que o Presidente Obama é negro, meio muçulmanos, de origem pobre, representando uma chance de reconhecimento mundial ao MST. Perderão talvez a única oportunidade de poderem ser reconhecidos pelo Governo Dilma e pela sociedade brasileira, com o protesto ganharão a ira dos dois. Será um grande “tiro no pé”!

As Ongs em questão são todas dependentes de repasses financeiros das Estatais, como as multinacionais Petrobrás e Eletrobrás. Portanto cidadão as faixas do tipo “Go Home” ou “F@#*” que você verá na Cinelândia serão pagas com o seu dinheiro e representam a ala conservadora do PT que defende Stalin, Cuba, Chavez, Zimbabwe e até Kadaffi. A Dilma precisa apenas de um pequeno motivo para cortar esta herança lulista, neste caso “cortar” significa parar de dar dinheiro público para elas, motivo pelo qual elas também não deveriam protestar, são as que tem mais a perder, pois vão perder as tetas em que mamam!

Já a Une é um caso a parte. Creio até que um caso perdido, pois parou mesmo no tempo. Até mesmo Lindenberg Farias, o seu presidente na época dos “caras-pintadas”, trabalha junto com Collor no Senado Federal. Fico triste em ver uma entidade com uma história tão bonita se manifestar através de megafones e máquinas de escrever com os mesmos brados de ódio de seus fundadores, enquanto seus representados usam notebooks, celulares e desejam colaborar para um mundo melhor.

O protesto será um fim melancólico de sua representatividade, pois a maioria dos estudantes claramente preferem escutar as novidades do “imperialista” do que os “jornais reacionários” patrocinados pela entidade, mesmo porque os alunos deverão fazer trabalhos escolares sobre a visita! Com este ato a UNE demonstra prepotência, amargura e uma enorme incapacidade de negociação, coisas que deveriam ser básicas para quem representa estudantes em uma democracia, além de ter sido cassada por uma ditadura militar!

Enfim, podemos até não concordar com a opinião dos outros, mas não devemos protestar antes de escutar o que o outro tem a dizer, especialmente um convidado, ainda mais quando certamente temos algo em comum, pois o mundo globalizado fez com que os problemas também sejam globalizados. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar vozes, especialmente as que hoje ainda nos exploram, porém cada vez mais dependentes de nós!  

Vamos conversar! Se não for pela emoção, que seja pela educação, senão pela razão e nunca mais pela espada!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Heranças De Uma Ex-Colônia




Minas Gerais é o maior estado da região sudeste do Brasil com cerca de 570 mil Km2 de campos, rios, montanhas e lagos. Neste contexto inserem-se 853 municípios com características tão variadas, que podemos dizer que Minas é o estado da federação que tem a maior diversidade turística e cultural. 

Em vista desta diversidade veio a conseguente dificuldade de planejamento das ações em âmbito estadual. Como solução foram criados os chamados “Circuitos Turísticos”, agrupando municípios cujas características são semelhantes, dando-lhes uma certa autonomia. 

Este louvável passo governamental, possibilitou que estas cidades passassem a controlar as políticas regionais de turismo. Porém o sucesso desta visão moderna de administração autônoma do bem público esbarrou na política paternalista pregada pelo estado brasileiro desde os tempos coloniais, na falta de recursos do poder público e na descontinuidade dos projetos governamentais, municipais e estaduais, desperdiçando assim tempo e recursos. 

Este exemplo dado sobre o setor de turismo reflete bem o quanto se faz necessário o uso cada vez maior do “Princípio da Subsidiariedade” em todas as áreas de nossa sociedade. 

O problema da descontinuidade dos projetos governamentais é cultural, é de “nascença” do ser humano, chamamos isto de “ego”. Qualquer governante recém eleito, por mais bem intencionado que seja, fará projetos visando os quatro anos que tem direito. 

Quanto aos recursos públicos, é desnecessário discutirmos muito, dado o tamanho do desperdício. Eu defendo a tese do uso eficaz, bem como criativo dos cada vez mais escassos recursos públicos, especialmente o intelectual. 

Temos então a herança da política paternalista dos tempos da colônia e consolidado no regime imperial, o que em minha opinião é o problema mais sério que todos enfrentamos, e é nela que o Princípio da Subisidiariedade veio para agir. 

Mas o que é mesmo o tal do “Princípio da Subsidiariedade”. É aquele pelo qual devemos solucionar nossos problemas, sem os levar até os superiores, a menos que seja estritamente necessário. É exatamente isto que nos falta. 

Temos autonomia, temos infra-estrutura, temos disposição e temos recursos (recursos não são apenas financeiros!) então porque não fazemos? Porque ainda esperamos convites de nossos governantes superiores para participarmos da festa, porque simplesmente não a fazemos? 

Mas não estamos acostumados a este tipo de política, o que não impede o aprendizado. E temos de aprender rápido, pois é urgente a necessidade de enterrarmos as idéias paternalistas coloniais e fazermos viver as idéias de modernidade do nosso tempo, afinal a população mais simples não pode pagar pelo atraso de idéias da sociedade e principalmente do poder público. 

Vamos fazer mais do que pede a nossa responsabilidade!!!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Notas do Carnaval...


O país e o mundo ainda são o mesmo de antes do carnaval ? Não, estão muito piores, senão vejamos os pontos abaixo:

1) temos agora o Kadaffi tomando mais "Nescafé com alucinógeno" e matando mais pessoas com o aval da China, pois é ela que está na Presidência do Conselho de Segurança, apesar do petróleo continuar chegando aos portos de destino; 

2) temos uma deputada pilantra e safada, filha de um ladrão cuja candidatura foi cassada (Me refiro aos Roriz de Brasília !!!) que permanecerá no cargo apesar da "mentira" que as câmeras de Tv mostraram; (Sem nos esquecer dos outros que voltaram do mensalão, não é Sr. João Paulo Cunha, Sr. Genoíno, Sr. Tiririca,  que na verdade é moeda de troca do Waldemar da Costa Neto, Sr. Palocci, Sr. Azeredo, e outros a serem lembrados???

3) temos uma santinha trajada de devassa onde o copo é maior do o corpo dela; 

4) temos record de mortes nas estradas; 

5) temos presidenta maquiada e de salto alto posando para soltar tartaruguinhas ao mar; 

6) temos senadores e deputados (estaduais também) comemorando o carnaval até o dia 11 com o dinheiro público; 

7) temos uma comissão de reforma política no senado, liderada por Sarney, e uma na Câmara, liderada pelo Almeida Lima que não darão em nada; 

8) temos sindicalistas históricos que votam contra o povo e ainda irão aumentar a carga tributária para poderem pagar suas contas abusivas;

9) temos Juiz que atropela menina dentro d'água com lancha caríssima e não é punido por puro corporativismo e proteção do delegado do caso; e

10) temos uma oposição dilacerada, inepta e incapaz de alguma ação política;

Mas a festa de momo foi linda! Muita mulher bonita, muito cerveja, muita música, muita fantasia, enfim muita alegria. Realmente temos muita disposição para pular carnaval ou assistir futebol, mas definitivamente ainda não sabemos controlar a "coisa pública". 

Quem sabe aprenderemos a fiscalizar nossos políticos e suas ações quando o carnaval que nos é dado, por eles mesmos, for comemorado apenas com "pau e pedra", como está acontecendo nas arábias ???

sexta-feira, 4 de março de 2011

O que é a Globalização? Qu'est-ce la Mondialisation? What is Globalization?

Não existe uma definição sobre Globalização que seja aceita por todos, mas é basicamente um processo antigo, ainda em curso, de integração das economias e mercados nacionais.

No entanto, ela compreende mais do que o fluxo monetário e de mercadoria; implica a interdependência dos países e das pessoas, além da uniformização de padrões, ocorrendo em todo o mundo, também no espaço social e cultural. Em outras palavras, é mais fácil escutar músicas em inglês nas rádios locais do que em português, ou verifique a nossa linguagem diária onde usamos constantemente termos como “site”, “link”, “jeans”, “Ok”, e por aí vai!

A mundialização tem como suas principais características a homogeneização dos centros urbanos (Toda cidade globalizada tem regras semelhantes – transporte público, comunicações, vias e regras de trânsito, etc...), a expansão das corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos (Mcdonalds é o melhor exemplo...), a revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica, a reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais (não mais ideológicos), a deteriorização da culturas populares locais em favor de uma cultura de massa  universal, entre outros prós e outros contras.

Tudo começou com as grandes navegações e o processo colonialista, lembra-se de Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo ou Pedro Álvares Cabral?

Tal momento histórico permitiu à humanidade acelerar os contatos de troca de informações, de técnicas, de cultura e principalmente expandir o capitalismo e interligar o mundo em um só gueto econômico. A cultura ocidental, na época resumida a Europa, começou a conhecer o mundo e talvez, repito “talvez”, o embrião da globalização possa ser visto como a Companhia das Índias Ocidentais... Conhecem a história de Jack Sparrow ?

Os colonizadores europeus, devastados por anos de guerras inúteis, viram nas recém descobertas colônias uma fonte de recursos ilimitada e barata. Pode-se dizer que foi a multiplicação dos espaços de lucros, ou seja, o domínio dos locais de investimento e fontes de matérias-primas aliados a exploração sócio-econômica, é que conduziram o mundo à globalização.

Até a Revolução Industrial, o processo de mundialização ou globalização da economia foi vagaroso, devido às limitações nos transportes e nas comunicações. Uma caravela levava cerca de quatro meses para atravessar o Atlântico

Com a Revolução Industrial e a liberação do Capitalismo para suas plenas possibilidades de expansão, a globalização deu um salto qualitativo e significativo, apoiada no motor a vapor, nos telégrafos e nas tecnologias de navegação. Agora, o Titanic podia atravessar o Atlântico em uma semana, além dos telégrafos sem fio, rádios, etc...

O mundo passou a ser visto como uma referência para obtenção de mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas. Nunca tão poucos exploraram tantos!!!

Neste período a globalização foi também o espaço para o exercício de rivalidades inter-capitalistas, resultando em duas grandes guerras mundiais e uma tremenda depressão econômica no intervalo delas, crise esta que teve grande impacto e amplitude justamente por ser resultado de um mundo globalizado face à expansão capitalista.

O fato é que a abertura das economias e a globalização são processos irreversíveis, que nos atingem involuntariamente no dia-a-dia das formas mais variadas, proporcionando mudanças positivas no nosso cotidiano, bem como mudanças negativas que tornam a vida mais difícil.

Após o período das guerras, ao longo do século XX, a “globalização do capital” foi conduzindo à “globalização da informação” e dos padrões culturais e de consumo. Isso se deveu não apenas ao progresso tecnológico, mas, sobretudo a vontade imperativa dos negócios.  Já ouviu falar do “catálogo da Sears”? Era como um site de vendas pela internet, só que nos anos 30 do sec. passado, uma verdadeira revolução quando se é um fazendeiro do interior!

Apesar de ser um processo antigo, apenas na década de 90 a globalização se impôs como um fenômeno de dimensão realmente planetária, a partir dos Estados Unidos e da Inglaterra, e de quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações (Olha a NET aí...). Período conhecido como Neo-Liberalismo, ou “Nova-Colonização”.

Os avanços técnico-científicos (informática, cabos de fibra óptica, telecomunicações, química fina, robótica, biotecnologia e outros) aliados a difusão de rede de informação reforçaram e facilitaram o processo de globalização, estabelecendo um intercâmbio acelerado, reduzindo o espaço e o tempo, não só na esfera econômica (mercados, tecnologia de produção), mas atingindo também, os hábitos, os padrões culturais e de consumo. Agora atravessamos o Atlântico em “horas” ou através de videoconferência!

Neste mundo globalizado a classe trabalhadora (Nós, pobres mortais!!!), debilitada por causa do desemprego resultante do maciço investimento tecnológico, ou está jogada no desamparo, ou foi absorvida pelo setor de serviços, uma economia fluida e que não permite a formação de uma consciência de classe.

Para quem não pertence nem mesmo a classe trabalhadora o momento presente é pior ainda, pois inexistem abordagens racionais e projetos alternativos para sanar as misérias sociais, o que alimenta os irracionalismos à solta.

Outra realidade refere-se aos países, que cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem, pois ninguém é imune a estes contágios, sejam positivos ou negativos.

Mas existem aspectos positivos, ainda para poucos mas existem! Temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento, esse acesso não é "fácil“, porque seu custo é elevado, e também não será rápido.

No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate à inflação e para a modernização da economia com a entrada de produtos importados, o consumidor foi beneficiado: podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais com preços menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos, carros, roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, bancos e restaurantes. A opção de escolha que temos hoje é muito maior.

Infelizmente a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das empresas produziu um efeito muito negativo, que foi o já referido desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e máquinas.

O trabalhador perdeu espaço e esse é um dos grandes desafios que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível no mercado, além disso, houve o aumento da distância e da dependência tecnológica dos países periféricos em relação aos desenvolvidos.

Hoje o processo produtivo mundial é formado por um conjunto de umas 400-450 grandes corporações (a maioria delas produtoras de automóveis, exploração mineral e comunicações) que têm seus investimentos espalhados pelos cinco continentes.

A nacionalidade delas é principalmente americana, japonesa, alemã, inglesa, francesa, suíça, italiana e holandesa. Portanto, pode-se afirmar que os países que assumiram o controle da 1ª fase da globalização, na época das Grandes Navegações (1450-1850), apesar da descolonização e dos desgastes de duas guerras mundiais, ainda continuam obtendo os frutos do que conquistaram no passado, pela simples razão deles deterem o monopólio da tecnologia.

A ONU que deveria ser o embrião de um governo mundial foi paralisada pelos interesses e proibições das superpotências durante a guerra fria.

Em conseqüência dessa debilidade, formou-se uma espécie de estado-maior informal, chamado de Conselho de Segurança, cujos encontros freqüentes têm mais efeitos sobre a política e economia do mundo em geral do que as assembléias da ONU.

Enquanto que no passado os instrumentos da integração foram à caravela, o barco a vapor e o trem, seguidos do telégrafo e do telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores ligados na Internet, mas ninguém tem a resposta nem a solução para atenuar o abismo entre os ricos do Norte e os pobres do Sul, que amplia exponencialmente.

No entanto, é bom reconhecer que tais diferenças não resultam de um novo processo de espoliação como os praticados anteriormente pelo colonialismo e pelo imperialismo, pois não implicaram numa dominação política, havendo, bem ao contrário, uma aproximação e busca de intercâmbio e cooperação.

Imagina-se que a globalização, seguindo o seu curso natural, irá enfraquecer cada vez mais os estados-nacionais surgidos há séculos atrás, ou dar-lhes novas formas e funções, fazendo com que novas instituições supranacionais gradativamente os substituam, como o Mercosul ou a Comunidade Européia

Quem sabe terei o privilégio de estar vivo para dizer que não sou brasileiro nem americano, sou “TERRÁQUIO” e vivo em um mundo feliz baseado na Colaboração!

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Política Nossa Do Dia-A-Dia

“Povo”, “etnia” ou ainda “grupo étnico”, são termos que se referem a grupos de seres humanos unidos por um fator comum, tal como a nacionalidade, etnia e códigos lingüísticos, bem como demais afinidades históricas e culturais, como as torcidas organizadas dos times de futebol.

Estas comunidades humanas, de uma forma ou de outra e desde a pré-história, reivindicam para si uma estrutura social e política, cuja as ações são limitadas pelo território, podendo este ser físico ou virtual.

Sendo política um assunto inerente a todos nós humanos, nada mais natural que entendê-la, pelo ao menos para usá-la com a maior eficiência possível, preferencialmente em prol do coletivo.

Para isto necessitamos passear no tempo e verificar como esta atividade humana, muito antiga, se tornou uma atividade singular e de vital importância para nós, sendo o nosso ponto de partida a grande revolução ocorrida nas terras banhadas pelo mar Egeu, a mais de dois mil anos.

A revolução se deu com os antigos gregos da cidade de Atenas, que realizavam-se plenamente com o desenvolvimento e o legado deixado as futuras gerações em suas Polis, ou seja, exercer o objetivo comum era a principal realização de um grego. Esta necessidade de participação na esfera pública fez com que a POLÍTICA e o SOCIAL, o nosso dia-a-dia, caminhassem juntos, conceito bem descrito por Aristóteles quando disse que o homem é um “animal político” (Zoon politikón).

Era na ÁGORA, ou praça pública, onde acontecia a vida política e social da Polis. Durante o dia, nesta praça, os assuntos pertinentes ao coletivo ateniensse eram exaustivamente debatidos pelos seus cidadãos, pessoas com o direito de voto nas decisões coletivas.

Divididos em diversos grupos, os cidadãos debatiam o assunto em pauta durante as refeições ou diversões artísticas, e ao final do dia formavam uma OPINIÃO PÚBLICA. Uma vez votada no centro da Ágora, o resultado significava a vontade geral. Parece com a nossa democracia, não?

Os romanos, por sua vez, herdaram os princípios da vida na Polis da tradição ateniense, mas, já em um contexto onde as cidades atingiram uma dimensão que inviabilizava a participação direta como nas Ágoras. Para se ter uma idéia, Roma foi a primeira cidade a atingir 1 milhão de habitantes, somente Londres, quase dois mil anos depois e com a ajuda da industrialização, atingiria esta marca.
Diante da nova realidade, os romanos trocaram a POLIS por CIVITAS, cujo significado remete a relações de outra ordem, trazendo agora a conotação da associação sob um conjunto de leis, ou seja, como somos muitos teremos de constituir regras para a nossa convivência, as quais serão fiscalizadas e aplicadas pelos representantes do povo. Parece ou não com os Governos atuais?

Neste ponto a idéia de sociedade vai se dissociando da idéia de política. O “homem político” de Aristóteles vira “homem social” na formulação de Sêneca, com seus direitos básicos reconhecidos por uma lei aceita, vigente e sob a tutela do Estado. Agora o homem vive o seu dia-a-dia sem se preocupar com as decisões coletivas, sem a política.

Ao longo da Idade Média, o “poder político” e o “poder religioso” passaram a atuar discaradamente lado a lado estabelecendo um ordem que combinava força e persuasão, cuja a figura mais ilustrativa foi sem dúvida o Cardeal francês Richelliet, que encarnou perfeitamente o Estado e a Igreja, maravilhosamente apresentado no romance de Alexandre Dumas.

A superação deste período histórico deu-se pela disseminação das primeiras idéias Iluministas, especialmente através das teorias de Tomás de Aquino, que afirmou pela primeira vez que “O poder é resultado da vontade do povo.”, gerando uma experiência singular rumo a modernidade, cujo o maior efeito foi a autonomia da esfera política, agora liberta das vontades de Deus!

Devo aqui ressaltar que o traço distintivo da “Modernidade” dado pelo Iluminismo, aquilo que lhe confere toda uma singularidade, é a “RAZÃO”. Não devemos considerar a Razão enquanto “simples pensar”, mas a Razão enquanto “essência” do homem, seu princípio, celebrizada pela frase de  Descartes: “- Penso, logo existo!”.

Ao definir os homens como racionais, livres e iguais, tornou-se impossível aceitar um fundamento para a existência do poder político que não esteja calcado na própria RAZÃO.

Mas os tempos mudaram e a economia é implacável. Cada vez trabalhamos mais para termos menos, o que torna o tempo o mais precioso bem da sociedade moderna, possibilitando que hoje em dia o conceito popular de política seja encoberto pela sua complexidade, escondendo a infeliz idéia que a “política é tudo” ou que “tudo é político”!

Por ser tão complexa, a nossa participação política parece ser sempre irrelevante, insignificante, desnecessária, invertendo assim a função básica desta atividade que é servir ao coletivo, pois como o indivíduo não participa das decisões ele passa a viver ao sabor dos desejos de terceiros, como em uma ditadura.

Senão vejamos o uso trivial, vago e às vezes um tanto pejorativo, que fazemos do termo política, como substantivo ou adjetivo, que normalmente compreende as ações, comportamentos, intuitos, manobras, entendimentos e desentendimentos dos homens para conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um lugar nele, através de eleições, campanhas eleitorais, comícios, lutas de partidos, conchavos, etc... Tudo remete a atos mandatários que não nos escutam, porém nós achamos normal a situação e ficamos estáticos perante ela, aceitando-a passivamente.

Existe também a conceituação erudita, no fundo uma síntese cruel do conceito popular, pois considera política a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo. É a noção dada por Nicolau Maquiavel, em seu famoso livro “O Príncipe” e adotada pela maioria dos polítcos profissionais das democracias ou das ditaduras para convecer os outros indivíduos que suas fraquezas são eternas e que eles devem servi os fortes alegremente.

Já para a ciência, a política que interessa é aquela atividade capaz de resgatar a ação humana que busca, pela concentração institucional do poder, sanar os conflitos e estabilizar a sociedade pela ação da autoridade, ou simplesmente o processo de construção de uma ordem baseada na vontade coletiva, tal qual fazíamos ao descer das árvores, antes de conhecermos a propriedade privada.

Seja lá o conceito adotado, sempre considerei que política é a participação do indivíduo na vida coletiva, independente de grau de influência ou da esfera considerada (família, amigos, vizinhos, municipal, estadual, federal, time de futebol, etc...), sendo essencial existir uma boa comunicação entre os membros desta coletividade.

Neste sentido, política é, em essência, a boa e velha conversa “fiada” do dia-a-dia na praça, na casa, no bar, na rua, na clube, na cachoeira, na praia, na festa, onde você estiver e com quem você estiver.

Se você prestar atenção verá que é através da “fofoca social”, a conversa do dia-a-dia, é que transmitimos as necessidades uns dos outros, possibilitando assim que a ajuda coletiva do grupo chegue ao(s) necessitado(s).

Vamos conversar mais, sobre tudo e com todos ! Vamos fazer mais política ! Vamos reconstruir nossas Ágora !

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Revolta Das Mil E Uma Noites



Inevitável não comentar as recentes revoltas no mundo árabe, ocorridas por desejos de uma vida não imposta e que me faz pensar sobre três questões: - Porque isto está ocorrendo? Como isto está se espalhando? E até onde isto pode chegar?

Para entender a primeira questão devemos considerar o processo colonizador do mundo Árabe iniciado no início do século passado. Neste processo as matrizes européias, especialmente a Inglaterra e a França, deram poderes (Força Militar) a determinados líderes tribais fragmentando todo o mundo Árabe localizado no norte da África e no Oriente Médio.

Tal fragmentação levou a população desta região a um encontro com a Miséria, com a Fome, com a Guerra e com a Peste, conhecidos como os “Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, durante anos.

Houve tentativas da criação de um Estado Árabe Unificado, mas a maioria de seus líderes sempre preferiu manter-se fragmentada, fazendo no máximo pequenas uniões como Bahrein ou a Arábia Saudita, e claro os países tradicionais como Síria, Turquia, Iraque e Irã nunca gostaram de serem liderados pelo Egito, lembrando aqui principalmente as idéias de Gamal Abdel Nasser, líder o qual os revolucionários de hoje certamente choram o seu assassinato e a morte de suas idéias de unificação.

Enfim, a situação de exploração jamais mudou, perdurando até hoje, ou seja, os que estão no poder exploram economicamente e politicamente os mais fracos. Contudo, atingiram o limite desta exploração e agora o povo, que perdeu quase tudo o que já não tinha, também perdeu o medo de enfrentar os seus ricos e armados ditadores.

Chamada por muitos de “Revoluções da Internet” (me incluo entre eles!) devido ao seu intenso tráfego de notícias relacionadas às revoltas, mostrou-nos em seu decorrer, mais uma vez, a “estranha” mania que nós ocidentais temos em enxergar nossa cultura nas culturas dos outros. (Para nós americanos ainda colonizados deve ser herança de Pinzón e Cortês!)

Após a derrubada de alguns ditadores podemos perceber que a Internet teve sim uma grande participação neste processo, mas para que nós ocidentais passássemos a pressionar nossos Governos a terem uma postura contra as ditaduras e a favor dos povos em opressão, o que no final dá certo, pois sem o patrocínio do capital ocidental os ditadores não existiriam.

O mundo Árabe, internamente, não utiliza a Internet como nós, e apesar dela ter sido um instrumento de divulgação de informações e marcação de encontros, deve ser considerada como o celular ou os jornais, todos sempre sob forte censura e controle. Na verdade os bons e velhos panfletos foram bem mais utilizados. A Internet não está entranhada nas relações sociais dos árabes como no ocidente, onde praticamente passamos a viver dentro dela.  

A explicação da disseminação das revoltas encontra-se, mais uma vez, na opressão econômica e política sofrida, que foram tantas a ponto de produzir um sentimento de revolta coletivo, que já estava maduro antes mesmo das revoltas começarem. Necessitava se apenas de um estopim para liberar toda a energia comprimida. 

E o fato veio pelas mãos do tunisiano de 26 anos Mohamed Buazizi ao atirar fogo no próprio corpo em frente a sede do governo em protesto contra os impostos e a corrupção policial.

Com o espalhar da notícia, pelos próprios jornais tunisianos controlados pelo Governo, ficou evidente para os outros oprimidos que a hora chegou. A revolução já existia em cada indivíduos destas comunidades, não precisou ser espalhada, bastou apenas ouvir o chamado inicial.

Resta-nos considerar a terceira questão, com certeza a mais difícil de responder, afinal as variáveis relacionadas ao futuro devem ser maiores do que o infinito.

Contudo é um fato que estes ditadores estão a décadas no poder. Podemos então pressupor que não existe oposição organizada nestes países, o que tornará muito complexa a formação imediata de um Governo, mesmo que provisório, refletindo diretamente no atendimento das necessidades básicas de suas populações. Sem dúvida tal processo demorará e dependerá muito da ajuda internacional.

Dado as considerações variáveis, me permito não prever nada mais, apenas desejar que os ares de liberdade e democracia espalhem-se pelo mundo inteiro, com a mesma amplitude e qualidade das belas histórias contadas por Sherazade em suas mil e uma noites.

terça-feira, 1 de março de 2011

O que significa ANARQUISMO ?

Anarquista! Este foi o grande palavrão político das primeiras décadas do século passado, sendo utilizada até hoje como sinônimo de “bagunça” ou “desorganização” em nossa linguagem do dia-a-dia.

Mas nem sempre foi assim. Aliás, muitos como eu estão retomando seu conceito original, que, ao pé-da-letra significa “Sem Poder”, nos remetendo a uma vida onde sou o meu próprio juiz e ao mesmo tempo réu, portanto sem a necessidade do uso da força ou o controle do Estado, afinal eu não preciso bater em mim mesmo para saber que estou errado, ou preciso???.


Neste sentido, o Anarquismo parece mesmo coisa de “alienado maluco”, pois como, sem o uso da força e a mediação do Estado, poderei proteger a MINHA propriedade, o MEU trabalho ou mesmo a MINHA cidade???

A resposta estará nos conceitos sociológicos apresentados e é visível na linguagem que usamos coloquialmente, especialmente no uso dos pronomes possessivos. Repararam que somente usamos o pronome “NOSSA” relacionado a coisas que não possuímos??? Ninguém fala NOSSA propriedade, NOSSO trabalho e não falamos NOSSA cidade, apenas quando necessitamos de individualizá-la, como nas eleições municipais. Enfim somos individualistas!

O individualismo é o alimento da sociedade em que vivemos, sem distinção de ditaduras ou democracias. É tão forte esta relação que a sociedade premia a todos os individualistas na proporção de seu próprio individualismo, fato, erroneamente, conhecido por nós como “fruto de seu trabalho”, quando na verdade, e como provou Marx, o prêmio é “fruto da exploração de outro ser-humano e não de seu trabalho”! Em outras palavras esta relação deu origem as mazelas do mundo e a maioria de seus habitantes miseráveis, insistentemente desumanizados pela classe social superior.

A base filosófica desta relação de exploração e dominação é a “COMPETIÇÃO” entre os indivíduos a qual somos treinados desde a infância pela própria sociedade. Lembram-se das cobranças feitas pelos adultos a nós quando crianças recebidas na escola, no futebol, na moda, enfim em todas as áreas? Cobranças que hoje fazemos à geração mais nova!

Tal “Competição” pode ser considerado como um ato natural, pois ela é o combustível da evolução biológica, contudo devo lembrar-lhes que somos a única espécie conhecida que pode prever conscientemente a sua extinção, seja por poluição, falta de alimento ou mesmo por uma guerra, tornando-nos muito diferentes do demais e intelectualmente capazes de mudar nosso combustível evolutivo da “Competição” para a “COLABORAÇÃO”, onde além de conquistarmos mais, viveríamos mais e melhor.


Podemos então definir Anarquismo como sendo “um movimento político que defende uma organização social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos livres e autônomos, mas onde sejam abolidas entre eles todas as formas de poder”. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Notem que não se trata da ausência de “ordem” mas sim da ausência de “mandos e desmandos”, pois como diz a máxima: “a Verdade são sempre três: -A minha, a sua e a própria Verdade!”.

Este blog tem a honra de defender tais valores considerados por muitos uma utopia, tem a honra de se postar contra os opressores sociais, especialmente aos desmandos do Estado, tem a honra de estar ao lado dos fracos, mesmo sabendo que eles podem estar errados, tem a honra de ser um canal de informação comunitária, sempre na busca de uma sociedade unificada, livre, igual, fraterna e em nível global, tem a honra de sonhar, como sonharam todos os grandes homens de nossa história.

Este blog tem a honra de ser “Anarquista, graças a Deus”!