Encerrou-se com a Páscoa mais uma campanha em defesa do planeta, desta vez coordenada pela Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB). Poderia ter sido considerada como “mais uma campanha” se a compararmos aos milhares de campanhas que vemos ao redor do mundo, patrocinadas por ONGs e Governos, cujos teores são sempre os mesmos cheios de protestos contra as empresas, acusações aos Governos e ódio quanto à radicalização de ativistas!
Contudo, esta campanha trouxe um fato novo ao chamar a população das comunidades para o centro da discussão.
Confesso que foi interessante ver o que pensam as pessoas comuns sobre as mudanças climáticas, bem como sobre suas considerações sobre o nosso planeta. Mas também foi desolador descobrir que quase ninguém sabe o que pode fazer para combater este problema! Na verdade este é o maior problema!
Nós, terráqueos comuns, temos consciência do problema, sabemos os riscos a que ele nos sujeita, sabemos que devemos lutar contra a exploração desenfreada do meio-ambiente, mas não realizamos ações individuais que ajudem a minimizar os danos pelo simples fato de não sabermos quais ações são positivas e impactantes!
Em resumo, nós, apesar de sermos contra a exploração feita pelas grandes empresas com anuência dos governos, estamos assistindo quietos à destruição da nossa casa. Afinal, nos sentimos impotentes perante o poderio econômico e pequenos demais diante da grandeza e frieza dos números.
Então o que fazer??? Protestar coletivamente? Fazer mais “revoluções verdes”? Gritar por mudanças na legislação?
Creio que como habitantes do planeta devemos atuar nas grandes causas e também nas pequenas ações.
Devemos sim lutar pela mudança da matriz energética para outras não poluentes como a energia solar, nuclear ou eólica, ou exigir que os carros façam 50km/l e que as produtoras de petróleo injetem o CO2 para dentro de reservatórios de petróleos vazios.
Mas, mais do que promover grandes ações coletivas, devemos nos atentar para as ações individuais, tais como: desligar os aparelhos eletrônicos nas tomadas (Lembra da “luzinha vermelha”?); separar o lixo orgânico do reciclado; usar a água com extrema eficiência; descongelar a geladeira; usar o fogão a gás; diminuir o desperdício de alimentos, embalagens e combustível; usar a bicicleta ou andar a pé e plantar árvores. Essas são ações individuais que somadas surtem um enorme efeito positivo no impacto provocado pelas mudanças climáticas globais.
São ações individuais, simples e ao alcance de todos.
Qualquer um de nós rasga elogios ao ver alguém realizando essas pequenas ações. Então porque nós não as fazemos rotineiramente? Porque não as realizamos em casa, nos serviço e nas horas de lazer?
O problema é a nossa “Cultura da Natureza”!
A “Cultura da Natureza” expressa a nossa incapacidade de nos separarmos da natureza e de acreditarmos que ambos, o homem e a natureza, são eternos.
Na verdade, não apagamos as luzes por acreditarmos que a energia vem da tomada! Não separamos o lixo porque dá trabalho e o depósito é longe da nossa casa! Não economizamos água porque vemos enormes represas e rios a nossa volta! Não descongelamos a geladeira porque é mais barato comprar outra! Não usamos bicicleta porque ter um carro é ter “status”! Não plantamos árvores porque acreditamos ver muitas! Enfim, nós desperdiçamos alimento e energia porque não acreditamos que estes possam acabar!
Como vêem, inconscientemente, acreditamos serem infinitas e gratuitas as benesses da natureza!
Portanto, é preciso fazer muito mais do que ações coletivas e individuais. É preciso mudar a nossa cultura. Mudá-la para uma “Cultura Tecnológica” na qual aprenderemos a viver realmente com os recursos escassos. Uma cultura onde saberemos o quanto custa um litro d’água, ou um metro de grama e lhes daremos valores devidos.
Mas para que aconteça esta mudança cultural é preciso romper com a natureza, é necessário perdê-la, um pensamento assustador, mas que poderá ser a diferença entre ter um futuro ou calar-se perante a morte de nossa espécie.
De toda forma, o nosso futuro é construído no dia-a-dia através de nossas decisões coletivas e individuais, ficando então a pergunta: -Qual é o futuro que você deseja ajudar a construir?
